Tom na fazenda (Revisão)


Tom na Fazenda

(Critique en français : cliquez ici)

Por Armando BABAIOFF

Baseado no romance Tom à la Ferme, de Michel Marc BOUCHARD

Adaptação: Armando BABAIOFF

Diretor: Rodrigo PORTELLA

Iluminação: Tomás RIBAS

Desenho do conjunto: Aurora DOS CAMPOS

Fantasias: Bruno PERLATTO

Música: Marcello H.

Coreografia: Toni RODRIGUES

 

Com :
Armando BABAIOFF, Camila NHARYARIE, Soraya RAVENLE e Gustavo RODRIGUES

 

No Théâtre Paris Villette

até 1º de abril de 2023

É um terceiro Tom na Fazenda que é apresentado nesta temporada em Paris. Se as outras duas versões fossem excelentes. Esta versão brasileira supera de longe as outras duas.

Antes de mais nada, sublinhemos o desempenho prodigioso de todos os atores. Sentimos que eles estão possuídos pelo trabalho. O texto nunca foi tão legível como aqui, e a proposta de uma versão longa não tem muito a ver com isso. Tudo depende da capacidade dos atores de fazer o texto se tornar vivo e vibrante. Mais do que uma encarnação, é uma transcendência que está em jogo.

Tom na fazenda diz cem vezes mais do que uma saída post-mortem, são as lutas interiores dos destinos perdidos.

A música nos ajuda a mergulhar nas profundezas da violência. A iluminação é linear e maravilhosamente poeirenta. A atmosfera sonora envolve o espectador. Cada detalhe contribui para uma angustiante e fascinante psicose onde a brutalidade é estranhamente sensual e até mesmo erótica.

A língua portuguesa do Brasil soa como uma canção que suaviza a violência do sujeito. Além disso, várias vezes a selvageria e a voluptuosidade colidem em um fogo sagrado com um realismo perturbador e subjugador. Várias vezes, estremece-se com esta abordagem contemporânea.

O ponto alto é uma dança apresentada como uma espécie de combate: não uma capoeira, não um tango. Algo animal e humano, um rosto a face com uma ressonância incrível. Uma força da natureza! É esta dança que vai sublimar ainda mais os atores por seu aspecto de estátua de barro: Titãs de barro tão frágil quanto impressionante, tão inexpugnável como um líquido borbulhante. A tensão desta coreografia é ainda maior do que durante o resto da peça. O barro reforça a intensidade da aparência. Olhares que são tão escuros quanto contraditórios com os sentimentos dos personagens.

Tudo é explícito, claro, cruel, brutal, mas acima de tudo extremamente belo!

Tom na fazenda é uma demonstração, uma lição em tudo o que o teatro tem a oferecer.

Nosso segundo triplo favorito do ano!

 

 

A história

Após a morte de seu amante, Tom, devastado, vai às profundezas do campo para seu funeral.

Lá ele encontra sua mãe, que desconhece a orientação sexual de seu filho morto, e seu irmão, um viril e violento fazendeiro que insiste em que Tom esconda seu relacionamento de sua mãe enlutada.

Nesta fazenda, as mentiras são a principal condição para a sobrevivência. Sangue e lama mancham as palavras e magnificam os corpos transfigurados pelas emoções para revelar a grandeza trágica e universal deste texto necessário.

No Brasil, onde o número de assassinatos homofóbicos está em um recorde, Tom na Fazenda adquiriu uma ressonância terrível.

 


Crédito fotográfico: Victor Novaes

BILHETERIA 

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Aurélien.

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